O Coliseu virtual e oCOVID-19.

Por Armstrong Lemos*
O processo de globalização, iniciado com a “descoberta” dos novos continentes e a consequente ocupação e exploração do novo mundo, aproximou os povos, até então isolados, e, a partir daí, os modos de vida dominantes passaram a predominar sobre outras culturas, dizimando, em alguns casos, nações.
Nos tempos atuais, a globalização aprofundada pela tecnologia e as relações de mercado, tornou o mundo ainda menor.
Em um simples clique, aquela notícia, verdadeira ou falsa, circula de um canto a outro do mundo, em segundos.
Nos países democráticos, onde não há restrições na circulação de informações, as redes sociais deram voz aos milhões de sãs e insanos cidadãos, promovendo uma enxurrada de “verdades”, que não se saberá em qual mar desaguará, ante ao exército voluntário de especialistas de todo e qualquer assunto.
A sociedade do espetáculo virtual está a todo vapor.
O Facebook e o Whatsapp, agora pertencentes a uma mesma companhia, aliados às dezenas de redes sociais, são portas de entrada desse grande coliseu virtual, onde se digladiam os bons e maus homens, em notícias falsas e verdadeiras, que atingem o corpo social, dividindo-o em parcelas motivadas
A sociedade do caneta azul, até então irreverente, assiste dividida à pandemia do COVID-19. Uns em pânico e outros em desdém, motivados pelo grande coliseu virtual dos especialistas de calçada.
Os governos não mais atendem a verdade, pela verdade em si, pelo contrário, disputam parcelas do coliseu, de olho na disputa da hegemonia de poder, quando, para o bem da nação, deveriam estar unidos em um só propósito, coesos, para sairmos mais fortes desse momento de turbulência.
Estamos reféns do coliseu virtual.
A democracia corre o risco de degenerar-se pelo seu maior pilar: a liberdade de expressão, exteriorizada de forma negativa em seu mau uso.
Tenhamos cuidado, pois não é só o vírus que nos ameaça.
*Armstrong Lemos é advogado com atuação no Maranhão.